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.sobre


Este ensaio gráfico é resultado de vasta pesquisa acerca da frutífera associação entre antropologia e desenho. Mas mesmo antes do trabalho junto a teorias que ajudaram a situar o desenho no trabalho etnográfico, minhas mãos sempre me levaram a mobilizar as linhas desenhadas como forma de conhecer o mundo e manifestar as sínteses das minhas experiências. Muito embora de maneira intermitente, expressões gráficas apareciam aqui e ali ao longo de minha trajetória escolar, mesmo na graduação em Ciências Sociais, e o papel dos mestres-professores que motivaram essa prática foi também fundamental.

Mais do que cumprir com o compromisso que, em meu íntimo, firmei com o projeto proposto, eu queria me esforçar em, aos poucos, atravessar essas barreiras corporais e exercitar o desenho não apenas como maneira de representar a paisagem em análise, mas, mais do que isso, abrir meus canais perceptivos para as potenciabilidades que o desenhar tinham a oferecer a minha formação como antropólogo e, antes disso, como habitante da paisagem.

Contudo, este ensaio gráfico buscou diálogos com outros campos e saberes, como a teoria literária, a literatura e a arquitetura. Imaginação é potência. A especulação pode auxiliar o/a antropólogo/a a adentrar potenciabilidades da paisagem. Conversar com pescadores, ciclistas e andarilhos que circulam (ou não) pela passarela, pelas margens e pelo canal, pedindo que imaginem, descrevam e projetem melhorias ou idealizações da paisagem de tal forma a tornar sua prática mais prazerosa, alegre, harmônica e convidativa – ou seja, pedir que façam o mapeamento do ambiente com base em  sua forma de percebê-lo e projetá-lo.

Tomado por essa soma de inspirações, junto com as demais pesquisas e incursões a campo realizadas ao longo da escrita-desenho da dissertação, compus o ensaio gráfico, poético e literário presente nesta página. Assim como o desenho de que fala Tim Ingold, este é um ensaio processual, aberto, antitotalizante e inconclusivo. O fim não é bem um fim. A paisagem permanece em devir quando viramos nossas costas e nos dirigimos para casa. O que ficam são as histórias que tentei contar a partir do desenho, da poesia e da literatura, e que espero que possam imprimir em quem tiver contato com elas novas percepções sobre a paisagem da baía de Florianópolis e seus habitantes mais que humanos.

Passeie livremente pelas paisagens a partir da paisagem desta página.

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.o autor

Ivan Gomes tem formação em Ciências Sociais, com ênfase em Antropologia pela Universidade Federal de Santa Catarina. É servidor público federal na mesma instituição. Atualmente se dedica a pesquisas no âmbito da Antropologia das Paisagens e se arrisca em linguagens e saberes diversos – em parte por experimentação científica, em parte por prazer e diversão, mas, sobretudo, por não conseguir fazer de outra maneira.

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